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Humor, Estado de Ânimo e Atividade Física

Atualizado: 8 de set.

atividade física

Você já percebeu como uma simples caminhada em um dia cinzento pode mudar completamente seu humor? Ou como uma sessão de treino intenso pode trazer clareza mental e sensação de bem-estar?


Isso não é coincidência: a atividade física tem um impacto profundo na regulação do humor e do estado de ânimo, mediado por hormônios, neurotransmissores e até pela forma como nos relacionamos socialmente.


A ciência tem avançado muito nessa área, e hoje sabemos que o exercício é uma das ferramentas mais poderosas para prevenir e tratar sintomas depressivos e ansiosos.


Além disso, os efeitos variam conforme as fases da vida — da adolescência à menopausa, do climatério à andropausa — e até de acordo com fatores ambientais, como dias frios e cinzentos, que muitas vezes nos deixam mais introspectivos.


Neste artigo, vamos explorar:

  • Como o exercício regula o humor por meio de hormônios e neurotransmissores;

  • Os efeitos em fases específicas da vida;

  • O que dizem os maiores estudos científicos sobre o tema;

  • Estratégias práticas para aproveitar a atividade física como regulador natural do ânimo.


Atividade Física e Humor: o que acontece no corpo?


A relação entre exercício e humor é complexa, mas alguns mecanismos já são bem conhecidos:


1. Hormônios do bem-estar

  • Endorfina: liberada durante o exercício, promove analgesia natural e sensação de prazer.

  • Serotonina: melhora o humor, regulação do sono e apetite.

  • Dopamina: associada à motivação, foco e recompensa.

  • Endocanabinoides: moléculas semelhantes aos canabinóides, liberadas após atividades aeróbicas, gerando euforia e relaxamento (a famosa runner’s high).


2. Neuroplasticidade e saúde cerebral

A atividade física aumenta a liberação do BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro), essencial para neuroplasticidade, memória e resiliência ao estresse.


3. Redução da inflamação

Exercícios regulares reduzem marcadores inflamatórios sistêmicos, que estão relacionados à depressão e ansiedade.


4. Aspectos psicossociais

  • Melhora da autoestima e da imagem corporal.

  • Aumento da interação social (especialmente em boxes e academias).

  • Sensação de conquista e disciplina.


O que dizem os grandes estudos científicos

Dois estudos de referência consolidaram o papel do exercício no humor, são eles:


1) Pearce et al. (JAMA Psychiatry, 2022)


  • Meta-análise com mais de 190 estudos.

  • Conclusão: volumes equivalentes a 2,5h semanais de caminhada rápida reduzem o risco de depressão em 25%.

  • Mesmo volumes menores (1h/semana) já reduzem o risco em 18%.

  • O maior benefício ocorre quando a pessoa sai do sedentarismo para qualquer nível de atividade.

  • Sugere que pequenas mudanças comportamentais já trazem grandes resultados.


2) Vancampfort et al. (World Psychiatry, 2025)


  • Meta-review de 13 meta-análises, com 256 ensaios clínicos e mais de 12 mil participantes.

  • Mostrou grande redução de sintomas depressivos em crianças, adolescentes e adultos.

  • Efeitos moderados na ansiedade e melhora da qualidade de vida.

  • Destacou mecanismos neurobiológicos (BDNF, hormônios, inflamação) e psicossociais.

Em resumo: atividade física é comparável a intervenções farmacológicas leves a moderadas no manejo do humor, com vantagens adicionais para saúde global.


Atividade Física e Humor nas Diferentes Fases da Vida


Adolescência


Adolescência é marcada por flutuações hormonais, formação da identidade e desafios sociais. O exercício regula a dopamina e serotonina, reduzindo risco de depressão. Atividades coletivas (esportes, cross training) são especialmente eficazes para reforçar autoestima e vínculos sociais.


Climatério e Menopausa

A queda de estrogênio gera sintomas depressivos, ansiedade, ondas de calor, distúrbios do sono. A atividade física ajuda a equilibrar serotonina e endorfina, reduzindo os sintomas de humor.


Além disso, exercícios resistidos são fundamentais para saúde óssea, além de impacto positivo no sono durante essa fase da vida.


Andropausa

É a redução gradual de testosterona pode gerar fadiga, baixa libido e irritabilidade. Para contornar isso o treinamento de força e HIIT (treino intervalado de alta intensidade) ajudam a estimular hormônios anabólicos e melhorar o humor.


Idade Adulta e Terceira Idade

Em adultos e idosos, exercícios regulares reduzem risco de demência e depressão. Analogamente, a atividade aeróbica e treinamento de resistência estão ligados à preservação cognitiva.


Dias frios e cinzentos

O chamado Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) é comum em regiões de baixa luminosidade.


Para contornar isso, o exercício aumenta liberação de serotonina e endorfina, combatendo sintomas depressivos associados ao clima. Como estratégia prática: priorizar treinos coletivos nesses períodos para manter motivação.


Atividade Física x Tipos de Exercício e Humor

Tipo de exercício

Efeito principal sobre humor

Aeróbico (corrida, bike, caminhada rápida)

Aumenta endorfina e serotonina; melhora ansiedade e depressão.

Resistido (musculação, funcional, cross-training)

Estimula testosterona, GH e dopamina; melhora autoestima e energia.

HIIT

Potente na redução da fadiga e aumento da motivação.

Yoga/Pilates

Reduz cortisol e ansiedade; melhora foco e relaxamento.

Treinos em grupo (breakfit, crossfit, boxe, dança)

Melhora interação social e suporte emocional.


Estratégias Práticas para Melhorar o Humor com Atividade Física


Como bem demonstram os estudos de Pearce et al. (2022) e Vancampfort et al. (2025), o exercício deve ser considerado não apenas uma estratégia complementar, mas uma terapia de primeira linha para a regulação do humor.


  1. Comece pequeno: 10–15 min já fazem diferença.

  2. Escolha algo prazeroso: consistência vem do prazer, não da obrigação.

  3. Combine treino aeróbico e resistido.

  4. Treine em grupo quando possível: apoio social multiplica os efeitos.

  5. Adapte ao clima: em dias frios, planeje treinos indoor para manter regularidade.

  6. Integre à rotina: associe o treino a horários fixos e hábitos diários.


Conclusão


O impacto da atividade física no humor e estado de ânimo é inegável. Seja na adolescência, menopausa, andropausa ou em dias frios, o movimento regula hormônios, fortalece conexões sociais e transforma a forma como lidamos com os desafios emocionais.

A ciência é clara: mesmo pequenas doses de exercício reduzem significativamente o risco de depressão e ansiedade. Mais do que estética, treinar é saúde mental e emocional.

Em conjunto, esses estudos reforçam que a atividade física, especialmente em intensidade moderada e com regularidade, exerce efeito protetor e terapêutico sobre o humor, com benefícios observados tanto em populações saudáveis quanto em indivíduos com transtornos mentais. 


A dose-resposta é relevante, e os mecanismos envolvem múltiplos domínios biológicos e psicossociais.


**Escrito por André Teichmann (estudante medicina UFCSPA) com auxílio de IA.


Referências:

Pearce M, Garcia L, Abbas A, et al. “Association Between Physical Activity and Risk of Depression: A Systematic Review and Meta-analysis..” JAMA Psychiatry. 2022;79(6):550-559. doi:10.1001/jamapsychiatry.2022.0609.
 
Vancampfort D, Firth J, Stubbs B, et al. “The Efficacy, Mechanisms and Implementation of Physical Activity as an Adjunctive Treatment in Mental Disorders: A Meta-Review of Outcomes, Neurobiology and Key Determinants..” World Psychiatry : Official Journal of the World Psychiatric Association (WPA). 2025;24(2):227-239. doi:10.1002/wps.21314. 

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